Tempo certo na forma errada.

[...]
Alimentar aquele sentimento me deixava louco, possesso, fora de mim.
Não entendia de onde vinha ou para onde estava me levando. Só permiti que me guiasse.
Pensava que não tinha nada a perder, pois tudo oque eu tinha, já havia perdido. E de tudo, já não estava feliz, com nada.

Aquilo não tem nome, talvez, eu tenha descoberto um novo sentimento.
Algo que poderiam diagnosticar como 'Pré-depressão'.
Já não tinha apetite, mal queria levantar da cama, sentia raiva, ódio, decepção.
E não conseguia me animar de jeito nenhum.
Era como um buraco negro, qualquer esperança de vida, acabava sendo engolida pela escuridão.

E foi assim por longos dias.
Então, já não era sem tempo, resolvemos conversar com ela.
Fomos eu e R. para o ensaio, já esperando pelo pior, ou o melhor. Chegando lá, todos estavam atônitos e tensos, pedimos licença e falamos que precisávamos conversar com ela. Ela não disse nada e caminhou junto a nós para o lado de fora, onde ninguém pudesse ouvir o que havíamos de falar.

O inicio da conversa fora de muita redundância e cuidado, ambos sabiam que qualquer descuido as coisas podiam piorar.
Comecei a pensar em tudo que tinha escutado, falado, ou presenciado, e fui cheio por algo que não se importava mais com os resultados.
Falei tudo, até o que não devia.
Descontrolavelmente, comecei a chorar por não ter mais forças para controlar aquela situação, aquilo era como asma, seus pés saiam do chão, seu ar expirava.

Já não bastava o que sentia, ele então chega, e após ouvir tudo o que eu dissera, começa então a dizer o que ele pensava.
R. que estava ao meu lado, não tinha reação, ele não imaginava até que ponto tudo iria. Ela, apenas chorava e não falava nada.

[...]

Quando percebi, já estávamos os quatro, na frente da autoridade do momento, esperando uma luz ou uma resposta do que fazer.
Conversas e mais conversas, levantamos, demos as costas e desejamos nunca mais voltar.